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O mundo se viu obrigado a viver uma nova realidade para a qual não estava preparado. Mas como somos seres adaptáveis, descobrimos com a mesma agilidade alternativas viáveis para seguirmos em frente, seja nos momentos de lazer, trabalho ou estudo – em casa. Com isso, nossas casas, até então ponto de passagem para grande parte da humanidade envolvida na vida contemporânea, passaram a serem vistas como um refúgio de proteção e vivência cotidiana.
Nesse contexto, como em toda crise, isolado o fato triste da quantidade de vidas humanas perdidas durante a pandemia, há as oportunidades. Sabemos que houve, sim, uma desaceleração da economia, muitos empregos perdidos e negócios impactados. Porém, segundo Silvana Carminati, Presidente da ABD – Associação Brasileira do Designer de Interiores, “o profissional de design de interiores e as atividades que exerce nunca foram tão valorizadas como nos dias de hoje. A casa, até então um porto passageiro, transformou-se em um porto seguro para muitos, onde foi preciso repensar os espaços para as diferentes atividades lá desempenhadas”.
Somado a este movimento, percebemos ainda a transformação da segunda moradia (casa de campo ou praia) em primeira opção de lar, transformando estes locais em sua nova casa e fazendo as adaptações necessárias para abrigar as famílias nas necessidades de seu dia a dia. Para Silvana, a afirmação de Gaston Bachelar: “A casa vivida não é uma caixa inerte. O espaço habitado transcende o espaço geométrico.”, nunca fez tanto sentido.
E ninguém melhor para tomar as rédeas dessas transformações senão o designer de interiores.
Foi preciso adaptar pequenos espaços para abrigar o homeschooling, o home office e ainda considerar ambientes para contemplação, necessários para o psicológico de cada um. Muitas pessoas perceberam defeitos em suas casas e ainda enxergaram necessidades de ajustes que até então não percebidos. Não à toa, reformas em geral cresceram durante a pandemia, já que o setor de construção civil continuou operando normalmente no período. Em abril deste ano,
Silvana coordenou um grupo de alunos da Belas Artes que fez uma pesquisa sobre o desejo de realizar alguma alteração em suas casas. “Constatamos que 87% das pessoas entrevistadas queriam fazer alguma alteração em suas casas e, até aquele momento, 65% das pessoas já haviam realizado alguma mudança, mostrando que nosso mercado continuou em movimento e que as perspectivas para 2021 e 2022 são promissoras”, conclui.
De março a maio deste ano, 42% dos varejistas de construção perceberam o crescimento nas vendas quando comparadas com o mesmo período do ano passado, segundo o Termômetro Anamaco, pesquisa da Associação Nacional de Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. E os números não param por aí. Segundo relatório de tendência trimestral do Google, houve um crescimento de 80% na plataforma de busca sobre ambientes da casa, aumentando o interesse em organizá-la, equipá-la e ocupá-la de uma forma mais efetiva.
“É o momento do designer de interiores mostrar que domina o assunto CASA, dar atendimento on-line, explorar e tirar proveito das oportunidades, democratizar o seu trabalho, já que todas as atenções estão voltadas para a casa e bem-estar de seus usuários”, reflete Silvana. Ainda segundo um estudo da Construtech com 650 escritórios de todo o país, “O impacto comercial da COVID-19 para Arquitetos e Designers de Interiores”, mostrou que cerca de 85% dos escritórios desenvolveram propostas no período de isolamento social, sendo que 33,3% destes geraram de quatro a dez propostas durante a pandemia. “Como em toda crise, há sempre uma oportunidade”, finaliza.