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Por André Menin – REFRESHER Trends
Design de emoções, estrelando Lil Miquela.
Quem nunca quis prever o futuro? Assim como eu, tenho certeza que você já pensou sobre isso.
Quando falamos em nome da arquitetura e do design, nos obrigamos antever o que está por vir, com o intuito de surpreender e demonstrar que estamos antenados no que ainda nem aconteceu.
Francamente, esse é um exercício exaustivo de adivinhação geralmente composto por métodos empíricos e sem auxílio de grandes tecnologias. Muitas vezes, entender o momento presente já é um desafio suficientemente pesado para a maioria dos profissionais, infelizmente.
No entanto existe algo não palpável, mas que se bem compreendido, torna possível saber o que mais importa na vida das pessoas, pelo menos no que diz respeito ao modo de agir e pensar de um grande grupo ou de uma ampla sociedade.
Então, se quiser ser a “Mãe Dináh” do seu segmento de trabalho, fique atento primeiro às Macrotendências e, posteriormente, às Tendências.
Uma puxa a outra. Uma cria a outra.
Macrotendências são representações do comportamento humano, seja ele originado em um pequeno grupo de pessoas ou em uma grande sociedade. E os jovens, quase sempre eles, são os grandes responsáveis pela disseminação de um nova maneira de encarar o mundo, geralmente percebida com estranheza por grande parte das demais gerações.
Mas (sempre tem um mas em toda história), ultimamente as gerações “mais velhas” estão criando fatos novos e desbancando a hegemonia dessa garotada.
A geração Xennial, recém descoberta e composta por uma turma que transita entre os Millennials e a Geração X, mostra que os mais velhinhos, mas nem tanto assim, também têm o poder de mudar o mundo. Estes, representados iconicamente por mulheres bem-sucedidas e que conquistaram o seu merecido espaço, agora consomem mais e melhor que qualquer outra geração.
Repito: consomem mais e MELHOR!
Importante saber disso se você é um fabricante de mobília ou profissional das áreas da arquitetura e do design, não é mesmo?
Para 2019, bem como para os próximos quatro ou cinco anos, pelo menos, três grandes macrotendências estão e estarão direcionando o rumo das novas tendências estéticas que veremos por aí.
Ser livre para viver em ambientes com a sua cara, exigir que esses espaços contenham efetivamente um propósito bem definido e emoções que possam ser claramente percebidas, formatam o norte que criará as novas tendências estéticas que nos afetarão em breve.
Então, vamos falar um pouco sobre elas?
Free Style
A primeira grande macrotendência se refere ao olhar menos preocupado com os padrões preestabelecidos de todos os estilos já conhecidos, como clássico, industrial e rústico, por exemplo, a qual denominamos Free Style.
Ao falar em Estilo Livre, em uma tradução super direta, podemos imaginar que toda e qualquer combinação e mistura de objetos, cores e texturas é possível.
E de fato, é isso mesmo.
Living free style
Chegamos a um ponto onde combinar o que quiser e como quiser, agora, é moda. Convenhamos que não há nada mais original que permitir criações extremamente conectadas com a vida dos consumidores, sem a preocupação dos conceitos (rígidos, algumas vezes) dos profissionais de arquitetura e design.
Mas será que isso será o início do fim dos arquitetos e designers? Bem, para quem insiste em impor as regras do jogo, desconfio que esse é um bom caminho para o insucesso.
Já para você que considera as palavras, os gostos e preferências dos seus clientes, a sua relevância enquanto profissional será ainda maior. Não há desafio mais instigante que efetuar uma criação que preza pela originalidade e respeito à cultura dos clientes.
Ser Free Style é não aceitar que a sua vida seja igual a do vizinho. Se identificou com isso?
Então, esta é a grande pertinência desta macrotendência que já está rompendo barreiras em projetos de arquitetura e design.
Aqui, mais é mais e pronto. Nada de ideais minimalistas que valorizam o que o cliente não consegue ver. O que vale é contar boas histórias através de objetos que transmitam essas memórias.
Use e abuse dessa liberdade que permite esse desprendimento dos conceitos clássicos aprendidos nas universidades. Mas tome cuidado, fazer qualquer coisa também não deve ser o seu objetivo.
Gosto de pensar que o grande segredo é fazer sentido, tanto para quem projeta quanto (e principalmente) para quem demanda o trabalho, o cliente.
Propósito Real
Um olhar no sentido da relevância de tudo o que nós, profissionais, ofertamos aos nossos clientes. Esse é o espírito de um Propósito Real.
Você já foi para a Disney, ou leu algo a respeito?
É fácil compreender as razões do extremo sucesso de décadas dessa empresa, pois não há uma única atitude que não seja alicerçada no propósito de gerar verdadeiras experiências ao usuários.
Quem vai, não esquece e conta para mais outros tantos a respeito do que vivenciou lá. Quem lê sobre a vida de Walt Disney ou sobre a empresa, percebe que não faz sentido oferecer um serviço e não desejar impactar quem o recebe.
É regra. É praticamente uma lei.
Mickey e Minnie simbolizando o propósito de “criar felicidade”.
Essa é a premissa básica de se ter um propósito claro, percebido por todos, que vai muito além do produto em si.
A cada ano, novas empresas e prestadores de serviço têm se especializado nisso, e por consequência têm criado esse desejo no imaginário das pessoas, chegando ao ponto de qualquer prestador de serviço ser impactado por isso, inclusive você.
Sim, você que vive de mobília e projetos em geral, pense muito bem sobre isso.
Hoje, todos os clientes esperam por mais, mais e mais. E como se consegue isso?
Ter um bom propósito é o melhor caminho, acredite.
Aqui vai uma dica para profissionais de arquitetura e design: extravase o que realmente só você faz bem-feito e faça com que todos percebam isso. Essa pode ser a sua maior arma para encantar os seus clientes e efetivamente construir um portfólio invejável.
E lembre-se: não faça por fazer, pois isso é fácil de enxergar e perceber.
Design de emoções
Fruto das demandas geradas pelas gerações mais novas, principalmente a Geração Z, o desejo de habitar espaços efetivamente conectados com o que toca o nosso coração hoje é fator decisivo para conquistar os novos e/ou futuros consumidores de arquitetura e design.
Essa galera que está chegando por aí possui necessidades muito diferentes do que estávamos habituados a perceber em públicos mais maduros.
Mais que um bom projeto, uma boa mobília e um preço justo, eles requerem ambientes que traduzam as suas essências e que possam servir como bandeiras empunhadas das suas crenças e convicções.
Uma enorme prova disso está na atividade frequente nas redes sociais. Elas são a “casa” que eles ainda não possuem, repleta de glórias e boas histórias para contar. E, principalmente, para compartilhar com seus amigos.
Aí você deve se perguntar: mas o que a minha atividade profissional tem a ver com isso?
Respondo com outra pergunta: você quer se manter na ativa e atender essa turminha?
Se a resposta for sim, fique de olhos bem abertos. Tem tudo a ver.
Você já imaginou um avatar, isso mesmo, uma espécie de robô digital, influenciando vorazmente milhares de pessoas, direcionando produtos e enaltecendo marcas badaladas?
Pois é, alguns vanguardistas estão aproveitando isso e faturando alto, deixando de vender apenas produtos e assumindo que além do que é tangível, as emoções contam muito.
Lil Miquela, personagem fictício criado por Trevor McFedries e Sara Decou, que possui 1,5 milhões de seguidores no Instagram, tem sido melhor garota propaganda que muitos humanos famosos, justamente por poder traduzir em todas as suas atitudes o desejo de ser viver a vida intensamente.
Lil Miquela para Prada.
Isso é design de emoções. Isso cria desejo. Isso vende.
Hoje ela representa marcas muito importantes do mundo da moda, como a Prada. Sozinha, a marca provavelmente nunca atingiria os mais jovens com tamanho impacto. E esse público, que hoje é influenciado no ato de comprar roupas, amanhã será influenciado no ato de mobiliar os seus ambiente preferidos.
Ah, e se você acha que isso é só para as gerações mais jovens, não se engane tão facilmente. Todos somos sensíveis a algo e, como bons seres humanos, amamos copiar a atitude dos mais novos.
Nada que um bom estímulo nos faça mudar de ideia.
Então, se liga: você pode ainda não ter percebido, mas se aproximar do comportamento do seu público é a chave para manter seus relacionamentos profissionais produtivos, atendendo demandas que requerem novas soluções.
Sensibilidade é tudo. Fica a dica.